quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O pulso ainda pulsa.

Tirei a roupa com dificuldade, olhei meu corpo que em breve começaria a se decompor, o olhei com carinho, o olhei com saudade.
Caminhei no parque pela manhã, enfim usando protetor solar e um lindo chapéu. Depois voltei para casa, tomei meu banho, alimentei-me de forma saudável.
Joguei xadrez sozinha, ganhei a partida.
Li, assisti filmes, ouvi músicas em busca de sofrimento, em busca especificamente de sentir mas qualquer história imbecil ou qualquer melodia não são mais capazes disso, eu precisaria do pessimismo do dia a dia ou de uma desgraça concreta.
Isto estava perdendo, alguns diziam que estava era ganhando com isso. Não, não.
A noite daquele interminável dia havia chegado, aqueles incontáveis relógios apontavam isso. Tinha muitos só para obter uma sensação; de muitos trabalhando mais rápido seria a conclusão do trabalho.
Presenteada eu fui.
Meus olhos negros fixaram-se dento da órbita, meu coração enxovalhado gritava, minha caixa torácica comprimia-se, eu suspirava profundamente.
Abracei o que estava perdendo, abracei trêmula, cravei minhas unhas agora frágeis no dorso do que perdia... As unhas quebraram mas do dorso que cravavam não saiu uma só gota de sangue.