quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fato cotidiano.

Irritava uns, comovia outros mas sempre na sua linha de dignidade do silêncio. Fingia usar a metáfora da estátua de praça, não se comove, não se mexe, mesmo que venham pombos e defequem em cima mantém-se imóvel, indiferente.
Apesar de tão jovem no corpo sentia como se tivesse vivido milênios, era muito velho nos acidentes do coração. Mas ninguém sabia, era um fugitivo da fuga, fingido.
Entrou naquela sala, estava gélida devido ao ar condicionado, e ele extremamente nervoso... Sua visão, seu olfato e audição estavam em seus estados mais exaltados e mesmo assim fingia distração.
Angustiado, pensava naquele momento que sua mãe tinha razão, ele precisava de ajuda.
A moça perguntou:
_ No que posso ajudar senhor ?
Então falou por minutos e minutos, sem interrupções, depois respirou fundo e quase engasgou-se. Esvaziou-se.
_ Prontinho senhor, pode entrar e repetir tudo isso para sua terapeuta.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Piloto automático.

Ora, todos são estúpidos demais pra perceber que eu nem estou mais ali, que minha cabeça está viajando, dando milhões de voltas enquanto ao meu redor gastam saliva e mais saliva contando suas lorotas. Cruzo as pernas, bocejo, estalo os dedos mas nada adianta, continuam falando. Então ligo o piloto automático, é até bom, sabe sorrir, sentir prazer e achar que realmente é feliz. E eu fico só como uma mera observadora de mim mesma. Tenho repulsa de ouvir os mesmos discursos e quando tento novos, fazem como eu, acionam o piloto automático, ninguém ouve.
Entrei em deflação emocional aos 16, desde então faço drama mexicano num romance tipicamente inglês ou ao contrário.
Tento novas filosofias de vida toda semana.
As vezes minto, sempre omito. As únicas vezes que usei a verdade e escancarei minha alma, ela foi esmagada logo em seguida. Caio tinha razão ao dizer: "nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que te faça feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink." Coitado do meu fígado.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Não solta da minha mão.

Entrei ali com medo do que iria encontrar, o medo aumentou quando encontrei.
Só olhava aquela situação, apenas olhava. Não tinha força nenhuma pra tomar alguma atitude, não tinha ânimo algum para ser sua fortaleza, normalmente você era a minha e eu dizia isso pra todo mundo, dizia como você era animada, estressada, engraçada, dramática. Nunca a vi assim e nunca a imaginei assim.
Você que nunca me via chorar, me viu. Você que nunca me via implorar, me viu. Você que nunca me via desesperada, me viu.
Sempre desejei morrer primeiro que você.