terça-feira, 24 de julho de 2012

As grandes dores.

As grandes dores tem sempre o mesmo repertório.
Perplexidade. Uma seca perplexidade.
Num certo período, quando se é muito líquido há pranto nasal inestancável.
Em algum momento vai ter-se um efeito cênico; gritos vindo de um orador questionando, mesmo que não se tenha público.
Vai agredir o estômago mas tem-se a fé no antiácido.
De repente todos sabem. Sabem antes de ter-se uma notícia.
Cresce uma esperança pérfida que é distribuída em forma promíscua e abjeta.
A repetição de senti-la acaba com a solenidade e ela torna-se cômica.
Nelson Rodrigues disse: a grande dor não só não se assoa, como é humorística.
Viver é uma grande dor.
Divirta-se.