terça-feira, 28 de agosto de 2012

Naquele lugar.

De lá, tinha orador com o discurso, com um vasto e sedutor vocabulário. De cá, tinha rosto com traços violentos olhando tudo com seus olhos de louco que intimidam. Acolá, tinha alguém muito seguro que exalava cheiro de prepotência, aos mais sensíveis cheiro de arrogância. Ali, tinha pessoa de olhos fechados que balançava seu corpo como se ouvisse e vivesse em algo psicodélico. Por lá, tinha homem de pernas agitadas esperando a chegada de algo. Na frente, tinha mulher de pernas trêmulas e com as mãos sobre a face, aumentando o efeito cênico. Atrás, tinha senil de estrutura decadente no ápice de seu último colapso. Do lado, tinha jovem expulsando seu monstro interior através de vômito. Por ali, tinha criança comendo terra como se fosse a coisa mais gostosa do mundo. Aqui, tinha inspirador profissional, quando expirava brincava com os desenhos que sua própria fumaça fazia. Diagonal, tinha aventureiro que apertava a mochila pra caber mais e soltava um sorriso sereno. Paralelo, tinha leitor que chorava um choro imaculado derramando o líquido em seus papeis.  Em cima, tinha aprendiz de voo, creio que não aprendera.  No chão, tinha algo rastejando, porém não era nenhum réptil.
E eu?
Perguntava-me a mesma coisa.