sexta-feira, 19 de julho de 2013

Delito.

Passado algum tempo, livrei-me do flagrante.
Pude enfim, assim, postular-me diante da consciência.
Agora condensada com o roçar dos dedos no teclado;
Senti saudades!
Mas logo fecho essa frestinha de antiguidade.
O mofo, às vezes faz mal.
Serei absolvida, eu sei.
Talvez para cometer o mesmo delito novamente.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Esqueci de ser museu.


Coube a mim fazer o trabalho sujo e o fiz – com força brutal, demorada e silenciosa.
Primeiro esbocei teus traços até chegar ao ideal superando o imaginário comum, acentuei teu humor, medi teu tamanho, cantei tua voz, palpitei tuas impressões, dosei tua sensibilidade,  modelei tua beleza, aumentei tua força.
Desenhei você, esqueci porém de traçar teus passos.
Amava antes de terminar essa árdua obra, amava minha criação.
Terminei, esgotada.
Descansar eu fui, feliz por ter feito algo tão magnífico. Dormi, por dias, sonhando sempre com a perfeição que criara, a cada suspiro uma massagem no meu ego.
Acordei, logo surpresa com a baixa gratificação, minha obra agora viva havia partido traçando teus próprios passos, deixando-me, castigando-me pelo meu pecado de ter esquecido desse mero detalhe.
Como pode, uma obra não amar teu criador?
Como pode, você não me amar?