De lá, tinha orador com o discurso, com um vasto e sedutor
vocabulário. De cá, tinha rosto com traços violentos olhando tudo com seus
olhos de louco que intimidam. Acolá, tinha alguém muito seguro que exalava
cheiro de prepotência, aos mais sensíveis cheiro de arrogância. Ali, tinha
pessoa de olhos fechados que balançava seu corpo como se ouvisse e vivesse em algo
psicodélico. Por lá, tinha homem de pernas agitadas esperando a chegada de algo.
Na frente, tinha mulher de pernas trêmulas e com as mãos sobre a face,
aumentando o efeito cênico. Atrás, tinha senil de estrutura decadente no ápice
de seu último colapso. Do lado, tinha jovem expulsando seu monstro interior através
de vômito. Por ali, tinha criança comendo terra como se fosse a coisa mais
gostosa do mundo. Aqui, tinha inspirador profissional, quando expirava brincava
com os desenhos que sua própria fumaça fazia. Diagonal, tinha aventureiro que
apertava a mochila pra caber mais e soltava um sorriso sereno. Paralelo, tinha
leitor que chorava um choro imaculado derramando o líquido em seus papeis. Em cima, tinha aprendiz de voo, creio que não
aprendera. No chão, tinha algo
rastejando, porém não era nenhum réptil.
E eu?
Perguntava-me a mesma coisa.