Uma multidão habitava nela. Desesperador era quando todos começavam a falar e exercer influência ao mesmo tempo.
Pensou e tentou matar um pouco dessa multidão mas foi percebendo que eles eram imortais, eram imortais pelo menos enquanto ela estivesse viva.
Estava confusa, e a única coisa que diziam era: "Querida, implacavelmente, é a vida." Mas não queria que a sua fosse implacavelmente assim, tinha muita pressa, de tudo. Porém achava que vivia em retrocessos. E o ar de temor, vinha assim, do nada, fazendo-a valer todas as suas células de autocontrole, e repetia: autocontrole! autocontrole! Como se adiantasse.
Tinha tantos desejos ocultos por trás de comportamentos aparentemente nobres. Um pouco de realidade, um pouco de ficção. Só não sabia onde um começava e outro terminava.
Sempre gostou muito dos paradoxos, até viver um ou vários.
Odiava ninguém conseguir decifrá-la, tempos depois conseguiram e ela odiou também. Porque a vida dela era assim, entrelinhas, achava muito belo o não explícito. E alguém chegar e descobrir todos os enigmas das suas entrelinhas era devastador demais. Ainda mais que ela não conseguiu fazer o mesmo. Pois o ser, era mais enigmático que ela.
Resolveu partir...
Deixou apenas um pequeno bilhete para o ser enigmático.
Que assim dizia:
(...) ensaiar aproximações novas. Desvincular. Principalmente de você.
Desatenciosamente, eu.
E realmente partiu...
Tempos depois e tudo, mas também nada, mudou.
Pensa sempre em voltar.