sábado, 25 de fevereiro de 2012

Se eu estivesse ébria...

Se eu estivesse ébria eu poderia dizer de maneira sagaz que estou na iminência de um salto e é o desequilíbrio que me mantém na hesitação. Eu poderia dizer que só consigo transitar pelo presente me convencendo da existência de um futuro que me permita ser. Eu poderia dizer quem me fez saber-se líquida a despeito de tanta solidez. Eu poderia dizer que não consigo dormir em noites abafadas de verão. Eu poderia dizer o silêncio gritante. Eu poderia dizer que eu tenho um amor impossível e que para alcançá-lo teria que atingir o Nirvana. Eu poderia dizer sobre desejos. Eu poderia dizer a verdade...
Se eu estivesse ébria.
Mas estar ébria figurativamente não ganha licença poética para poder dizer.
Silencio-me.

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