segunda-feira, 2 de maio de 2011

Das cartas.

Sei que você odeia abrir emails, então tive que tirar o dinheiro do meu vinho para te mandar escritos por correio. Mas tudo bem, tenho mesmo que parar de beber. Aqui é sempre muito frio, o vinho ajuda... ta, eu tenho mesmo que parar de beber.
Você nem perguntou, mas me deu uma vontade de te contar como anda minha vida.
Sabe, acabou minha sede de buscar compreensão alheia, se busco é sem entusiasmo algum.
E fico assim, meio monossilábica, meio descontente, meio frustrada, meio pessimista, meio metade. Estou meia. Mas afirmo por aí que não sou assim, somente estou assim.
Ando numa vida sedentária, alimentação errada, sinto em exagero, adquiro excesso de desilusão, leio demais e menos do que deveria, vejo documentários malucos, fico confusa, ouço blues e me deprimo, ouço rock e me revolto, quase enlouqueço, vez em quando tenho pseudo alegria. Chamo tudo isso de clássico suicídio em câmera lenta.
Estou sempre com expressão de inexpressão. Há boatos que seja botox, são só boatos, sem muito dinheiro para fazer, sabe como são as coisas.
Assim, tão de repente, abro mão de tudo. Como você fez, como eu fiz e faço.
Convivo e me divirto com plurais solitários, me encaixo bem entre eles.
Deu saudade suas. É eu preciso mesmo parar de beber.
Não precisa tirar teu dinheiro dos drinks para responder-me, não quero ler-te. Só mandei algo porque... bem, porque... Eu preciso mesmo parar de beber.
Mas penso que a vida é dura, mas não dura tanto.
Ah, tchau.

Um comentário:

  1. muito muito muito lindo e excessivamente inspirador

    você só não pode parar de escrever...

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