terça-feira, 5 de julho de 2011

Fato cotidiano. 2

Vivia exilada dentro da própria vida, quanto mais se dissolvia no tempo ou vulgarmente envelhecia menos sabia, menos se conhecia. Chegou ao extremo de desejar que alguém fosse ela para descobrir o que fazer, porque já não tinha mais ideias.
Pouco falava mas muito pensava, punha-se em silêncio e assim escutava o silêncio alheio falar, falavam e falavam.
Desfilou vários romances efêmeros durante a vida.
Dinheiro não lhe faltava, realizações sim.
Sempre que se via sozinha pensava no quanto era fracassada em tudo, queria pelo menos então morrer por algo nobre.
Tinha um filho.
_ Bem senhor, sinto muito. Sua mãe estava em seu carro esperando o sinal abrir e veio um marginal e tentou-lhe roubar o relógio, ela achou que daria para escapar furando o sinal, achou que daria tempo... mas não deu.
_ Oh Deus! Esse relógio era presente meu e ela dizia que guardaria pra sempre.

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